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A primeira parte a ser construída foram as gavetas. A cama tem duas gavetas com aproximadamente 70x70 cm cada

Uma das máximas da carpintaria é "medir duas vezes, cortar uma". A minha experiência permite-me corrigir essa expressão para "medir sete vezes, cortar uma, reparar no dia seguinte que a medida estava errada, tentar encher os cortes com pasta de madeira, cortar outra vez, lixar muito bem e pintar por cima".

Algumas fotografias foram tiradas de dia, com luz do sol, outras de noite, com projectores. Além disso, conforme o ângulo, a luz reflecte-se do MDF com tons subtilmente diferentes. Daí algumas diferenças no contraste e cor; as peças em si são todas feitas de MDF idêntico. Passem o cursor por cima das imagens para ver uma versão maior.

Uma coluna de berbequim portátil permite fazer facilmente furos perpendiculares à superfície.



Uma vez feito o furo, é feito um entalhe cónico que permitirá à cabeça do parafuso ficar ao nível da superfície.



O parafuso tem uma zona sem rosca, o que faz com que exerça pressão sobre a tábua de cima, pressionando-a contra a de baixo.



Os parafusos são introduzidos a pouco e pouco, sendo retirados uma vez por cada 2 cm de penetração. Isto permite que a rosca se forme lentamente e reduz as probabilidades de o MDF estalar (MDF estala tão ou mais facilmente do a maior parte das madeiras, embora as rachas se prolonguem menos).



Finalmente, os parafusos são introduzidos até ao fim, ficando com as cabeças ligeiramente abaixo da superfície (o que garante que não impedirão a gaveta de deslizar. Cada gaveta tem 14 parafusos.



As gavetas ficarão montadas em calhas telescópicas (3 secções) de 70 cm. As calhas têm uma espessura de de 13 mm, portanto optei por fazer um entalhe de 5 mm em cada peça (um na gaveta e outro na trave da cama), deixando 3 mm de folga, o que evita que os lados da gaveta raspem contra as traves. Os furos para os parafusos (com 15 mm de profundidade) são feitos antes de fazer o entalhe, apenas porque é mais fácil fazer as marcações numa superfície plana.



Utilizando uma tupia com guia de aresta (sempre a do lado contrário, para evitar deslizes), é feito um primeiro entalhe com 5 mm de profundidade, utilizando a fresa lisa mais larga que houver (neste caso 12 mm). Fresar MDF gera quantidades astronómicas de pó ultra-fino, pelo que é essencial usar óculos e máscara, e ligar um aspirador à tupia (idealmente um aspirador industrial, para carpintaria, mas um aspirador normal serve, desde que não seja usado durante mais de 10 minutos de cada vez (o pó muito fino entope os filtros e faz o motor aquecer).



A segunda passagem é feita com a guia de aresta do outro lado. Assim, caso exista algum deslize, o erro apenas afecta o centro do entalhe, e não as bordas exteriores.



A terceira passagem pode ser feita sem guia, mas mesmo assim é aconselhável usá-la; a 15000 rotações por minuto e com uma potência de 1 kW, a tupia salta facilmente 1 ou 2 cm antes de o operador conseguir reagir.



Terminada a terceira passagem, o entalhe está feito. As calhas têm 34 mm de largura; o entalhe tem 35, para permitir que a calha deslize sem raspar a tinta.



Depois de feito o entalhe com a tupia, é lixado com lixa fina (120 ou superior), aspirado, e "pintado" com uma mistura de cola PVA e água, para selar a superfície. Depois de secar, é novamente lixado com lixa fina (idealmente 400 ou superior). A superfície final deve ficar dura e lisa, tal como a face do MDF. Antes de colocar a calha propriamente dita, o interior do entalhe será pintado de preto (duas camadas de sub-capa sintética mate, aplicada com pincel). O resto da gaveta será pintado com tinta metalizada (três camadas de base de alumínio, aplicada com rolo).



As marcações para a peça lateral da cama, onde serão feitas as aberturas para as gavetas. No meio, um entalhe onde irá encaixar uma das traves transversais.



O entalhe será feito com uma fresa de cauda de andorinha, que garante um encaixe sólido mesmo sem cola ou parafusos.



São colocadas três guias à distância certa para que o entalhe fique com o tamanho necessário. Com a fresa de cauda de andorinha montada na tupia, é feito um corte em "U".



É necessário algum cuidado com a fresa de cauda de andorinha uma vez que só pode ser movida verticalmente quando está fora da peça (caso contrário destrói o seu próprio entalhe).



Com mais uma passagem pelo meio, é retirada a ripa que tinha ficado no meio do corte inicial. Aliás, basta um toque de lado para esta ripa se separar pela base e sair inteira (evitando produzir mais 20 quilos de pó).



A cama tem duas traves transversais (onde serão fixadas as calhas das gavetas), logo é necessário fazer dois entalhes (ligeiramente diferentes, mas o processo é idêntico). As guias usadas para a tupia são na realidade as partes da frente das gavetas, que ainda não estão colocadas.



Toda a zona que foi fresada (tal como qualquer zona cortada com uma serra) deve ser lixada e depois pincelada com cola PVA (cola branca) misturada com água. Uma vez seca, deve ser novamente lixada com lixa fina. Conforme descrito acima, isto enche os poros do MDF, evita que se esfarele ou largue pó, deixa a superfície lisa e permite que seja pintada.



Junto ao canto do rectângulo que será cortado é visível a marca para o centro do furo que servirá para introduzir a serra. A marca está a 5 mm de cada linha de corte, e será usada uma broca de 1 cm.



As tábuas de MDF têm uma camada fina mais dura à superfície. Isto faz com que o início dos furos seja difícil de fazer e com que a saída da broca arraste muitas vezes consigo parte da superfície.



A solução é simples - medir dos dois lados da tábua (ou fazer um furo piloto com uma broca muito fina) e fazer dois furos de entrada (até um pouco mais de metade da espessura), sem nunca sair do outro lado. O resultado é um furo perfeito, que não lasca a superfície.